sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ética - A Bandeira do Advogado


Um fato me chamou a atenção na leitura dos livros Cabeça de Porco, Falcão – Meninos do Tráfico. Em muitos relatos das visitas de MV Bill e Celso Athayde às favelas ficam explícitas situações, no mínimo, vergonhosas. Muitas vezes os donos dos morros estavam em reunião com os “engravatados”, os relatos seguem e em seguida os chefões falam que aqueles são os advogados do tráfico, homens que ganham muito dinheiro tirando os traficantes da cadeia ou negociando o arrego com os policiais. A mesma cena se repete em vários lugares do país, tendo sua concentração maior no Rio de Janeiro o que não absolve outros estados. Também no livro Elite da Tropa, vemos os advogados corruptos das milícias, dos PMs corruptos, exploradores.

Fico pensando, a advocacia é uma profissão de muito trabalho, esforço e competência. Diria que a maioria dos advogados são pessoas éticas, compromissadas, honestas, que não usam o conhecimento acima da média para ganhar dinheiro ilícito ou, no mínimo, antiético. Digo ilícito pois muitos destes advogados servem de ponte para a aproximação da classe média com o tráfico.

O fato é que esses poucos advogados acabam manchando a profissão, esses poucos acabam fazendo algumas pessoas generalizarem, sempre vejo alguém dizer que os advogados só querem se dar bem e sugar todo o dinheiro de seus clientes, que advogados que defendem bandidos não merecem sua carteira da OAB, mas uma coisa é defender alguém sob suspeito de algo, outra diferente é compactuar com o crime. Se os supostos criminosos se dizem inocentes, o advogado deve acreditar e defendê-lo, todos têm o direito de defesa - direitos garantidos por nossa constituição. Difícil vermos algum advogado compactuando com bandido que confessa o crime nos encontros pré-audiência, mas que almeja negá-lo em juízo.

Em meus estudos sempre vejo o nome ética como princípio fundamental da Advocacia, pretendo segui-la ferrenhamente, serei incorruptível, não compactuarei com mentiras, patrocinarei apenas causas que minha consciência permita, mesmo que o dinheiro seja abundante, mas o dinheiro vem e vai e a reputação é apenas uma, ao rejeitar um caso que não vá de acordo com minha ética, certamente colherei bons frutos no futuro.

É assim que eu quero ser como advogado.

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