terça-feira, 4 de outubro de 2011

Cabeça de Porco.


Depois de duas semanas apertadas em meios as provas na faculdade, esse fim de semana pude ler o livro que havia começado a ler a algumas semanas, e um dos melhores livros que li esse ano. Sim, o título parece estranho. Mas o conteúdo é tão comum e vivenciamos todos os dias, a violência e como ela interfere na criação da identidade de adolescentes e jovens. O livro Cabeça de Porco (Editora Objetiva) é uma parceria de três autores, MV Bill (rapper, muito conhecido pelo documentário Falcão), Celso Athayde (empresário de Hip-Hop) e Luiz Eduardo Soares (antropólogo). 

O livro não é composto por crônicas sobre a violência, mas relatos reais da realidade de favelas em todo o Brasil, que fazem parte de uma extensa pesquisa feita por Bill e Celso, e a partir desses fatos Luiz Eduardo Soares faz ótimas reflexões sobre essa grave situação que inclui não apenas a violência, mas o descaso das autoridades, a corrupção que envolve os diversos setores do país e mostrando como o incentivo a cultura é um dos grandes remédios para a mudança desse quadro social.

Aqui abro o parêntese para a participação de Luis Eduardo Soares. Tive a oportunidade de ler primeiro o Falcão, os meninos do tráfico. Que é, na verdade, uma obra posterior à Cabeça de Porco. Mas a visão do antropólogo enriqueceu bastante a leitura.


E qual tem sido nosso papel nessa sociedade tão conturbada? Esse tipo de indagação e questionamento surgiu enquanto lia Cabeça de Porco.

Se você se interessa em entender o contexto social que vivemos procure esse livro, e se você não se conforma mais em ver tudo desse jeito, faça alguma coisa! Se posicione!

Não adianta tratar todos os favelados como bandidos, ou clamar por leis mais duras que punam os pobres e beneficiem os ricos. Já estamos inchados de leis para punir quem pouco tem. Também não é solução cobrar da polícia mais violência, ou mais mortes nas favelas. O livro mesmo trás alguns relatos que mostram que todos que estão nesta vida, estão por pura necessidade, para não passar fome, pois não conseguem emprego, pela cor, pela localização, pela falta de educação de qualidade.

O mais interessante, de fato, é ver que quem patrocina tudo isso é quem, na maioria das vezes critica veementemente os bandidos favelados, é quem vai para a televisão espalhar o sensacionalismo, jornalistas, políticos, pessoas da alta sociedade que de dia criticam, pedem mais rigor contra os crimes, mais rigor contra o tráfico, penas maiores e durante a noite para o seu possante na favela e pega 300 reais de “carga”.

A hipocrisia, a demogagia por aqui merece um prêmio.

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