O Post foi retirado do Blog do Dr. Sanderson Moura, o mais conceituado Advogado Criminalista do Estado do Acre. O relato trás um pouco do embate no Tribunal do Juri. O que mais me chamou a atenção foi a força, coragem e serenidade pela qual o advogado responde ao promotor após uma frase infeliz e irônica à respeito dos honorários advocatícios.
Certa feita um promotor sustentava a sua acusação, quando dele ouvi, se dirigindo aos jurados, e causando um certo impacto em mim: "O advogado está fazendo a parte dele, tá recebendo dinheiro para isso, tá sendo pago pelo cliente, eu entendo o advogado".
Simplesmente anotei no meu bloco a observação "Tô ganhando. E ele, não está?"
Chegando a vez da defesa, disse:
"O promotor, na tentativa de diminuir o meu trabalho, de menosprezá-lo, de menoscabá-lo, falou aqui, com má-fé e deslealdade, que eu sustento esta defesa porque estou simplesmente comprado pelo vil metal.
Acha o promotor que ele está aqui de graça. Quanto ganha um promotor? Ele faz acusação aqui porque está sendo pago e muito bem pago, porque se fosse de graça ele não estaria neste julgamento. Ganha mais de 20 mil reais por mês para sustentar denúncias injustas, a exemplo desta".
Nesse momento o promotor quis reagir. Mas lhe falei que respeitasse a minha vez de falar como eu tinha respeitado a dele. Ele quis continuar, mas o juiz garantiu a defesa.
E fui adiante: "Talvez o senhor nunca tenha ouvido isso, mas merece ouvir para respeitar mais a advocacia. Eu não faço do meu escritório antro de transações imorais, o senhor não me conhece. Tenho minha profissão como algo sagrado. A Constituição diz que somos imprescindíveis à administração da justiça. E quem o senhor pensa que é para nos transformar em mercernários vilipendiando nossa honra".
Continuei: "Os honorários que eu ganho são mais honestos do que o seu salário, porque eu recebo do cliente e não da vítima. Já o senhor recebe dinheiro até do meu cliente, dos familiares dele, dos amigos dele, que pagam impostos ao Estado para poder bancar seu nababesco salário".
E finalizei: "Aliás não recebo dinheiro, recebo honorários, palavra que vem de honra, honra pela dedicação do meu trabalho. Os jurados estão vendo aqui que tudo o que digo é baseado nas provas. E como o senhor então vem dizer que o que falo, falo porque sou comprado para tanto? Respeite a advocacia, meu caro doutor, ganhar o pão de cada dia da forma que eu ganho, é uma da maneiras mais dignas que encontrei para viver."
Se realmente eu estivesse falando como o promotor estava dizendo, era dever dos jurados condenar o meu constituinte, mas ao contrário, o absolveram com larga e segura margem de votos.
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