Durante o feriado resolvi mudar um pouco a temática de leitura, tive acesso ao livro Falcão – Meninos do Tráfico de MV Bill e Celso Athayde. Confesso que este não era um tema que me atraia muito, mas enquanto aguardo os livros que encomendei resolvi ler a obra e confesso que mudei alguns conceitos que tinha e eliminei alguns preconceitos . Também enxerguei a importância de ter o conhecimento de causa, papel imprescindível ao operador do direito. O livro oferece uma visão realista do tráfico de drogas nas favelas de vários cantos do país, para que nós não continuemos ignorando quem vende, quem compra, quem morre e quem mata. Falcão é o jovem que vigia e protege os traficantes, a "boca" e os moradores da comunidade, é aquele que está no tráfico noturno. Não dormem, e para manterem-se acordados, em sua grande maioria, fazem uso de drogas.
O livro trás um lado humanitário das pessoas que vivem no mundo do tráfico, seus motivos, seus sonhos. Mostra que quase todos estão nessa vida por extrema necessidade e que muitos desejam sair, arrumar algum emprego, coisa do tipo. Mas sabemos que a realidade de nosso país é bem diferente, preto e pobre dificilmente terão oportunidades de estudo de qualidade e concomitantemente não terão acesso aos bons empregos.
Aliados a estes fatores, o desemprego, a educação de má qualidade (ausência de um projeto sério de escola integral), também foram apontados como causa para que aqueles meninos tenham adentrado na criminalidade.
E uma vez dentro daquele antro, como foi dito por uma mãe: "eles se tornam agressivos e perdem o gosto por estudar, perdem o medo da morte e a esperança da vida". Sua conduta é a que torna possível a sua sobrevivência.
E a maneira de ressocializá-los?
- Uma família estruturada, boa alimentação, escola, morada digna, muito amor e carinho, Deus, para sustentar-lhe o espírito.
Quem pode suprir isso e de que maneira? O Governo? Em parte, talvez. As ONGs? As entidades religiosas? Também ajudam. Porém, não é um problema que se vislumbre uma solução a curto/médio prazo. Deixando de lado demagogias e soluções utópicas, alternativas existem, que podem amenizar o caos, não extingui-lo.
Creio que pessoas de boa índole, ainda têm muitas lágrimas a derramar lendo livros como este, pessoas que se sentirão impotentes para fazer alguma coisa por este Brasil que dificilmente "Mostra a sua Cara", porque não é a "Face" que nós gostamos de ver. Nela está estampado o ódio, a revolta e a dor, de crianças sem futuro – como os Falcões.
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