Todos os anos é a mesma coisa, chega a época da ExpoAcre, todo mundo se fantasia de peão e peona, as fantasias saem dos armários, as lojas se enchem de compradores, hávidos por comprar suas indumentárias pra participar da festa.
Falo que é uma fantasia, porque, nós aqui no Acre, não temos "tradição country", não somos cowboys. Na realidade não temos e nem devemos ter tradição em "criar gado", afinal de contas somos todos ecologistas ou pseudo-ecologistas.
Todos os anos, nós "ficamos" peão, porque não "somos" peões. É apenas uma fantasia pessoal de cada pessoa e uma imitação de outros lugares e outras modas. Coisa pra quem tem dinheiro. Mas, ninguém pode negar que é legal a moçada toda vestida de blusa e camisa xadrez, lenço no pescoço, calça coladinha, botas, tem uns rapazes que até usam esporas e é claro que não pode faltar o "velho" chapéu, "da lida", comprado novinho às vésperas da festa. Tudo pra fantasia ficar mais bonita.
A maioria de nossos peões, não sabe encilhar o cavalo, nem por que lado a gente monta nele, muitos acham que as ferraduras são pra dar sorte ao cavaleiro. Laçar então, pra muita gente é coisa de comer.
Mas, a festa é bonita, o pessoal se diverte. Os ricos vão "pra gastar" e os pobres "pra ver os ricos gastarem". Coisas de democracia. Funcionário público vai pra torrar o ordenado, recebido "por coincidência", por puro acaso, num daqueles lances de sorte, "durante o período da festa". O governo dá com uma mão e toma com a outra.
Peão de fazenda, os verdadeiros, ficam junto aos animais dos patrões, nos currais, pouco participam da festa, têm trabalho.
Quem se diverte mesmo é a rapaziada da cidade, fantasiada de cowboy, lenço fazendo cócegas no pescoço, bota apertando no pé, fivela do cinturão de couro, daquelas grandes, machucando o umbigo. Destoando da fantasia de peão, nossos rapazes portam smartfones que custaram os olhos da cara, Ipod´s, máquinas fotográficas digitais, tablets, Ipad's, usam piercings, tatuagens, aparelhos nos dentes e outros acessórios que peões de verdade não usam. Sem contar aquele cartãozinho de crédito que é o papai quem paga.
As comitivas vêm de longe, participar da festa, dos leilões, dos negócios. As atrações, os parques de diversão, circo e etc., tudo pra arrecadar o nosso suado dinheirinho e dar o fora quando a festa termina, deixando para trás os carnês de pagamento por pagar nas lojas da cidade.
Gosto mesmo é quando depois da festa, nossos gestores públicos vão aos órgãos de comunicação, "dar conta" do apurado. Fizemos não sei quantos milhões de negócios. O que eles querem dizer é que algumas empresas realizaram milhões em negócios, o governo fica com os louros e parte do lucro, e o povo com o custo. Sim, porque dois meses depois da festa, ainda tem gente que não conseguiu colocar suas contas em dia.
A ExpoAcre é uma coisa boa, só acho que a magnitude com que é feita, é que é exagerada para as nossas condições econômicas. Se fosse algo mais singelo, para o povão se divertir, coisa que envolvesse apenas empresas e criadores locais, para que o dinheiro ficasse por aqui, seria mais aproveitável "para o povo".
Mas é festa, divirtam-se, curtam e brinquem que é só uma vez por ano!
1 comentários:
dá até uma vontadezinha de ir, mas só pra ver os bois ♥
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