quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Alunos do Acre passam fome e ainda são chamados de preguiçosos.





Muito se tem falado a respeito deste tema nas últimas semanas, desde o anúncio do resultado do ENEM que revelou que grande parte dos cursos mais concorridos deverão ser preenchidos por pessoas de fora do nosso Estado. Li no Blog do Altino o artigo do Prof. Pascoal e concordo com ele quando diz que os alunos querem o caminho mais fácil, mais curto, mas isso faz parte de uma alienação antiga que vem sido pregada na educação. Jorge Viana assumiu e mudou a média de 7 para 5, numa forma de mascarar e fazer com que mais alunos concluissem o ensino médio, fracassou. A briga principal é se a culpa desta falência em nossa educação é do governo que oferece um serviço de má qualidade ou se é dos alunos que não se esforçam.

Na minha opinião existe muito mais por trás destas duas justificativas. O governo tem sim grande parcela de culpa, pois não oferece um ensino de qualidade, mas também não é correto atribuirmos toda esta culpa ao governo uma vez que os próprios alunos não se mostram interessados em estudar. Não obstante, vale lembrar que muitos passam por situações precárias, é muito fácil criticar e chamar os estudantes acreanos de preguiçosos, mas muitos passam fome e estudam com muito esforço, muitos vão para as aulas sem comer, enquanto a verba do lanche gratuito das escolas públicas é desviada.

A Situação é muito mais complicada do que isso. Nesta questão, exalto a UFAC por seus programas de permanência, auxílio transporte, bolsas e etc, que ajudam o aluno de baixa renda a “sobreviver”, muitos passam o dia na instituição, almoçam, têm transporte, têm uma bolsa no fim do mês para ajudar em casa. Se coisas parecidas fossem feitas pelo estado no ensino médio, as coisas poderiam ser diferentes. Bolsa família se mostra ineficaz neste quesito, apesar de sua essência ser louvável.

Temos que buscar por um ensino de excelência, mas temos que ter um olhar mais sociológico da coisa e ver o que realmente acontece. Trazer o Vestibular ou permanecer o ENEM isso não muda em nada. Há de se preocupar com uma estrutura mais sólida do estado no que diz respeito a educação, há de se propor ações afirmativas para alunos oriundos de escolas públicas poderem ter acesso ao curso superior, criar aulas em período integral, enfim... há muito o que fazer...

2 comentários:

Acreucho disse...

"muitos vão para as aulas sem comer, enquanto a verba do lanche gratuito das escolas públicas é desviada".
Muitos vão para a escola "para comer" e muitas vezes encontram um lanche incomível... Nosso grande problema não é a falta de vontade dos alunos de estudar, nosso problema são as condições precárias desses alunos, famílias destroçadas, brigas familiares, drogas e outras coisas... Um dos maiores problemas da educação é que não há mais "disciplina" dentro das escolas, alunos fazem o que querem e os professores não tem como coibir suas ações. Meninas vão pra aula arrumadas como peruas (ninguém exige uniforme), meninos vão armados de estiletes e até revólveres e o professor nada pode fazer... Se por acaso o diretor expulsar um aluno mau comportado, pode sofrer represálias do pai traficante ou de sua gangue... Não há mais respeito...

Marcos Paulo disse...

Falou tudo Acreucho. Época boa era a do Raimundo Louro no Colégio Acreano, só saiu gente boa de lá, hoje todos são bem sucedidos, pena que o governo vê a Educação e assistência básica como gasto e não investimento. Entregar Netbooks com acessos a redes sociais por exemplo é puramente material para campanha pois não auxilia em nada.

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